The Film Handbook#127: Milos Forman

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Milos Forman
Nascimento: 18/02/1932, Caslav, Tchecolosváquia
Carreira (como diretor): 1963-

É interessante que com a maior liberdade política e viabilidade comercial, os filmes de Milos Forman tenham se tornado crescentemente convencionais. A espontaneidade de sua obra inicial tem tristemente se fossilizado em entretenimento mediano ostensivamente respeitável.

Após estudar cinema em Praga, Forman ingressou na indústria do cinema inicialmente como roteirista. Um diálogo com o grupo multimídia Lanterna Mágica se seguiu antes que ele realizasse dois curtas semidocumentais  lançados juntos como Talent Competition/Konkours, Seu foco na música e sua preocupação com pessoas comuns antecipavam sua obra futura. Sua estreia no longa-metragem, Pedro, O Negro/Cerný Petr, estabeleceu-o como uma figura de proa da Nouvelle Vague tcheca. O escasso enredo lida com um ingênuo segurança de uma loja e uma garota romanticamente desinteressada, assim como com a relação deles com seus pais. As cenas semi-improvisadas, mescla de atores profissionais e não profissionais e o tom suavemente irônico foram divertidamente revigorantes, e retornaram no ainda mais engenhoso Os Amores de uma Loira/Lásky Jedné Plavovlásky no qual a visita uma noite de uma garota a seu amante músico provoca embaraços sobre os arranjos de onde se dormir. Uma resposta leve, irônica e não ideológica ao realismo socialista dominante no cinema tcheco, a sátira de Forman faz uso de um estilo de câmera como que oculta para conseguir um senso de autenticidade, enquanto seus personagens são observados com uma simpatia rara. O Baile dos Bombeiros/Horí, má Panenko>1, no entanto, é mais áspero na sua narrativa de intrigas burocráticas em um concurso de beleza, podendo ser observado como uma alegoria política. O filme foi banido após a invasão soviética e Forman, em Paris à época, permaneceu exilado no Ocidente.

Seu primeiro filme americano, Procura Insaciável/Taking Off>2, aplicou seus costumeiros métodos para outro olhar sobre o abismo geracional, entremeando uma semi-improvisada audição de canto para garotas com cenas de um casal de classe média à procura por sua filha; com ironia característica, são os adultos que fraquejam moralmente, quando experimentam maconha em um encontro para pais de filhos que fugiram. Igualmente anti-establishment, Um Estranho no Ninho/One Flew Over The Cuckoo's Nest>3 observava uma batalha entre pacientes contra as regras autoritárias de um hospital para insanos ainda que, apesar das formidáveis interpretações de Jack Nicholson e Louise Fletcher, foi prejudicado por exageros, misoginia e uma tendência alarmante rumo às facilidades da manipulação emocional.

Um filme do musical hippie Hair foi lamentavelmente datado, enquanto uma versão do Nos Tempos do Ragtime/Ragtime, de E.L.Doctorow naufragou na redução simplista da trama caleidoscópica do original a uma narrativa previsível e vagamente liberal dos conflitos raciais nos Estados Unidos na virada do século. Cenários e figurinos extravagantes agora pareciam ser a norma; Amadeus>4 facilitou o declínio de Forman na linha do respeitável filme de época artístico: uma adaptação da peça de Peter Shaffer sobre um Salieri mortalmente repleto de ódio por Mozart, é prejudicado por seu risível retrato do famoso compositor enquanto um jovem flatulento e risonho e por suas redundantes ostentações de uma técnica visual virtuosa. Talvez não tenha sido acidental que Forman, cuja obra inicial foi inspirada pela música popular, tenha se voltado para um gênio da composição ocidental para realizar um filme tão desprovido de inventividade; ao repetidamente recorrer a sucessos literários e teatrais (o próximo seria Valmont, baseado em Ligações Perigosas) ele parece ter se afastado da genuína humanidade e vivacidade de sua obra tcheca.


Cronologia
Como Ivan Passer (que co-escreveu seus primeiros filmes) e Jiri Menzel, Forman foi influenciado por escritores tchecos (notadamente Josef Skvorecky) e pelo neorrealismo italiano; ele tem demonstrado sua admiração pela comédia muda e por Anderson. O suave humanismo irônico de sua obra inicial pode ser comparado com o de Truffaut e o primeiro Michael Ritchie.

Leituras Futuras
1. O Baile dos Bombeiros, Tchecoslováquia/Itália, 1967 c/Jan Vostrcil, Josef Kolb, Josef Svelt

2. Procura Insaciável, EUA, 1970 c/Buck Henry, Lynn Carlin, Linnea Heacock

3. Um Estranho no Ninho, EUA, 1975 c/Jack Nicholson, Louise Fletcher, Brad Dourif

4. Amadeus, EUA, 1983 c/F.Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 106-7.

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