Filme do Dia: Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), Júlio Bressane


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Matou a Família e Foi ao Cinema (Brasil, 1969). Direção e Rot. Original: Júlio Bressane. Fotografia: Thiago Veloso. Montagem: Geraldo Veloso. Com: Márcia Rodrigues, Renata Sorrah, Antero de Oliveira, Vanda Lacerda, Paulo Padilha, Rodolfo Arena, Carlos Eduardo Dolabella, Guará Rodrigues.
Um rapaz de classe média resolve matar os pais e ir assitir um filme no cinema. Duas garotas passam a se relacionar em uma casa de campo em Petrópolis. O assassino é vítima da tortura policial. Duas mulheres de classe média baixa possuem sua relação de amor condenada pela mãe de uma delas, que é assassinada pela própria filha. Um pai de família mata a esposa e o filho. As duas garotas da casa de campo matam uma a outra, num ritual de prazer e morte.
Esse breve e sensível filme de Bressane pode ser considerado como uma das mais tocantes e originais realizações da cinematografia nacional, sendo um clássico do Cinema Marginal, ao lado de O Bandido da Luz Vermelha. Para tanto colaboram sua aparente despretensão (embora filmado em 16 mm e numa produção “amadora”, os planos de câmera na mão são de uma beleza de tirar o fôlego) e a sua própria estrutura fragmentada, elíptica que entremeia diversos enredos, assim como a utilização de mesmos atores para situações semelhantes e clássicos do cancioneiro nacional, de Lamartine Babo a Roberto Carlos (a seqüência final ao som de Ninguém Vai Tirar Você de Mim, um perfeito comentário para a situação das moças, é antológica). Embora o filme faça referências tanto explícitas (a seqüência de tortura) como veladas (quando Sorrah comenta uma frase de Dom Hélder Câmara) ao período de repressão militar, o filme se afasta de qualquer postura didática, apresentando achados de grande efeito visual, seja trabalhando a câmera fixa e o espaço off ou a inventividade da banda sonora, com o diálogo entre as duas moças de classe média baixa sendo ouvido nitidamente, embora as duas se encontrem distanciadas, sobre um viaduto, em um plano geral, um dos mais belos do filme. Metanarrativo, o filme faz referência a si próprio, quando a amiga de Márcia comenta com a mesma que assistira a um filme com uma situação semelhante a vivida pelas duas em Petrópolis que se chama Perdidas de Amor, título do filme que o rapaz vai assistir após matar sua família. Afirma ainda que o filme apresenta “uns crimes que não tem nada há a ver” e “que é um pouco chato.” Brilhantes interpretações de Rodrigues e Sorrah. Belair Filmes/Júlio Bressane Produções Cinematográficas. 78 minutos.

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